terça-feira, 10 de novembro de 2009

Era vidro e se quebrou...



Paro pra escrever e o tempo voa. Paro pra uma música e o tempo passa. Paro pra ler o capítulo de um livro e o tempo corre. Paro pra um domingo e o tempo acelera. E quando me encontro diante do espelho sou como um golfinho e os cientistas são capazes de jurar que posso me reconhecer. Mas não me reconheço nunca. Apenas me surpreendo com as inegáveis semelhanças.
Quem dera ser aquela que vejo no espelho e ser nova a cada encontro. Eu sei que sou a mesma sempre; sempre um pouco mais velha, um pouco mais amadurecida, um pouco mais decidida, um pouco mais ansiosa, ás vezes um pouco mais insegura, um pouco mais no tempo do próprio tempo. Enquanto ela... Surge e desaparece como um reflexo do sol. Ela se renova; e eu me procuro!
O vidro é capaz de quebrar. O tempo escorre como água pelas minhas mãos e tento, inutilmente, retê-lo, mas tudo o que toco se desfaz em cheiro de anos atrás. Parece pouco para quem vai lá adiante, mas a vertigem é a mesma, o tempo é o mesmo e o passado engorda a olhos vistos.
Mas... Onde fica o freio? Minhas mãos vão soltas e sacudindo acima da cabeça e a montanha-russa me toma sem a adrenalina de outras tardes. Não há mais graça em perder o controle. Daqui pra frente será só eu e o tempo, rasgando. E a escrita segue iludindo o ser eterno, mas nem mesmo a escrita agora sou eu. Cada linha é uma nova linha e ainda que mal traçadas ou sem nexo, cada leitura é e será sempre uma nova leitura. Renascendo do próprio fim. Da última palavra. Transbordando do aquário. Recriando o que saiu de mim e que junto com o tempo, passa.
A palavra e a moça do espelho assim como o tempo eram de vidro e se quebrou. Mas ao invés de juntar os cacos, preferiu não ser mais de vidro.
Ser humana ainda me causa muita dor, porque amo demais, e sem limites, as pessoas. E mesmo não reconhecendo o meu limite de amar, incondicionalmente, acredito que Deus não me deu um vidro novo, nem untou o meu quebrado. Ele me deu sim a força pra amar mais ainda, porém, me deu um coração mais vivo que talvez só se abra para a minha família ou os grandes amigos.
Não são barreiras que estou me impondo e, por consequência involuntária, impondo aos outros. É a vida me ensinando... Ensinando-me a observar mais, a me conhecer mais!
Srta. 'em caquinhos' Marinho

P.S.: Aos amigos e leitores assíduos, meu muito obrigada pelos e-mails, mensagens, carinho e compreensão. Estou na minha toca e com muitas palavras esperando o tempo exato pra falar.

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