sexta-feira, 25 de abril de 2008

E 29 anjos me saudaram...

Já dizia Paulinho da Viola: "Eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim".
Eu sou assim. Sou um pouco complicada de entender, muitas vezes nem eu mesma consigo. Posso ser infantil e insegura, às vezes acabo fazendo coisas que não queria porque não penso direito.
Amizade é o meu negócio, está em mim. Sou fiel, quando sou amiga, sou mesmo e se pode contar. Adoro dar carinho, abraçar, beijar, andar de mãos dadas. Com amor e com amigos. Detesto rotina, tenho aversão ao comodismo, estou começando a gostar de mudanças. Quero mudar tudo sempre, o tempo todo. No melhor estilo metamorfose ambulante. Sou profissional de comunicação, desde que me entendo por gente quis trabalhar com comunicação. Estudei pra isso, me formei, trabalhei. Me desiludi, dei um tempo, voltei. Não consigo ficar longe, está no sangue. Escrever me apaixona, é um vício, uma necessidade. Me expresso muito melhor pela palavra escrita que pela dita. O tempo todo estou pensando como quem escreve, organizando sentenças, escolhendo palavras. Uma doideira só.
Adoro línguas, já dei aula de inglês e de espanhol. Prefiro a segunda, mil vezes. Me viro no italiano, mas quero estudar mais e ficar fluente. Depois, alemão e mandarim. Me formei em Espanhol em 98. Em termos práticos, muita coisa me serviu pra depois e conheci muita gente interessante, fiz amizades que se perderam com o tempo mas que foram importantes no momento. Foi onde comecei a aprender que ser diferente da maioria também podia ser bacana.
Sou chorona pra caramba, manteigona mesmo. Choro em filme água com açúcar (Julia Roberts e Meg Ryan acabam comigo), em comercial, em reportagem no jornal, em novela das oito, confesso. Chorei baldes em Cidade do Anjos, se vir de novo, choro outra vez. 'Se perguntarem do que mais gostei vou dizer que foi de ti' - é demais pra mim. Tenho pavio curto, pareço tranquila mas quando me irritam, sai de baixo. Digo o que não penso e atiro sem olhar pra onde. Uma tristeza! Não me orgulho disso e tenho tentado mudar. Mas não é fácil. Eu sou idealista, inconformada, rebelde com causa. Não me conformo com as injustiças do mundo e sofro demais com a dor do outro. É difícil ser assim, mas não quero deixar de ser nunca.
Sou mochileira, adoro viajar, ponho o pé na estrada sem pensar duas vezes. Curto viagem cultural, nada de turismo de agência. Gosto de caminhar pelos lugares, de ir ao cinema, ao teatro. De conversar com as pessoas, sentir como se vive em cada lugar. Se pudesse, largava tudo por uns dois anos e ficava só viajando, sem roteiro nem programação.Tenho loucura por cinema, largo (quase) tudo por uma telona. Adoro ir ao cinema sozinha, em sessão do meio da tarde. Já fui bem mais, hoje o tempo é mais curto. Mas sempre descubro filmes bons, é uma intuição natural, quase um dom.
Sou musicólatra, não faço nada em silêncio. Adoro som bem alto, adoro dançar pela casa, adoro cantar junto. É mpb e música latina, e algumas poucas internacionais dos anos 80, para a sessão nostalgia. Morro de vontade de aprender a tocar violão, mas me falta disciplina. Já comecei e parei umas tantas vezes, uma vergonha. Detesto isso em mim, essa mania de parar as coisas no meio do caminho quando a paixão inicial acalma. Sou estudante-interrompida de Letras, entrei na UPE em 2000, não por causa do diploma, que nunca me interessou, mas porque tinha vontade de estudar literatura, de interagir nas aulas, de me esforçar para pegar um conceito, de ir à biblioteca, de fazer resumos, resenhas. Me decepcionei demais com o curso, com o estado de sucata absoluta em que se encontra a educação quase como um todo. Perdi o gás e fui parando, parando, até parar de vez. Estou agora com a matrícula trancada e tenho até 2010 para terminar o curso, mas não sei se ainda volto.
Minha família é tudo no mundo pra mim. E por família, considero meus pais, minhas irmãs, meu sobrinho, meus irmãos, meu avô que se foi há 3 anos e ainda deixa uma saudade incrível, meu cunhado que é fina demais, alguns agregados próximos desse grupo todo e meus amigos, meus queridos amigos, que significam pra mim muito mais do que imaginam, provavelmente.
Sou ranzinza pra burro quando estou com sono e adoro dormir. Deitar tarde, levantar tarde. Há tempos não faço isso... Detesto ser acordada bruscamente. Quer acordar, tem que ser com delicadeza, e aos pouquinhos. Acordar ao meio-dia, tomar café e ficar de pijama até às seis da tarde é uma das minhas idéias para um dia quase perfeito.
Sou patologicamente tímida. Se é a primeira conversa, não espere eloqüência da minha parte. Provavelmente, vou ficar calada 60% do tempo, responder monossilabicamente outros 30% e conversar feito gente nos 10% restantes. Mas nas conversas seguintes, a coisa melhora. Progressivamente, é claro. Agora, se a conversa começar via e-mail, msn, orkut ou qualquer outra ferramenta 'internética', pode crer que o papo engrena logo de cara. Freud explica (ou não).
Sou excessivamente taurina, adoro um 'palco' e, dentro dos limites da minha timidez, adoro me exibir e ser admirada. Poucas vezes admito, mas é fato, adoro!
Meu estilo como amiga é ser amiga-mãe. Daquelas de dar conselhos, puxa a orelha, protege... Gosto de ter meus amigos sempre por perto, gosto de dar colo, gosto da 'maternagem do afeto'. Acho que carinho e proximidade nunca são demais. Adoro apertar, sentir o cheiro... Acho que um dia eles vão enjoar disso muito, muito antes do que eu.
Gosto de trabalhar com tradução, revisão, trabalho com texto em geral. Mas fico revoltada pra caramba quando vejo gente trabalhando com isso e fazendo trabalho malfeito. E o pior é que é o que mais tem.
Sou cdfzinha, adoro ler, adoro estudar, adoro aprender. Sou exigente pra caramba comigo mesma. Sempre acho que poderia ter feito melhor, chegado mais longe. Sou uma eterna insatisfeita. Me cobro demais.
Sou apegada ao extremo, e saudosista na mesma medida. Tenho saudades de tudo: coisas, lugares, momentos, sentimentos, pessoas. Mas não a ponto de sair revisitando antigas amizades, por exemplo. Curioso isso, mas sei aceitar muito bem que certas coisas passam. Tenho saudades, mas sei bem a diferença entre sentir saudades e querer de volta. Que pra mim é imensa.
Sou meio desbocada, mas não falo palavrão o tempo todo, xingo quando irritada e não engulo sapo, nem levo desaforo pra casa. Mexeu comigo, vai levar.
Sou materialista, não faço a menor questão de ser rica, mas gostaria, sim, de ter dinheiro suficiente para poder entrar numa loja e comprar o que eu quisesse, entre livros, DVDs e CD's, sem fazer conta. Esse é meu pecado consumista: cultura.
Vivi, até aqui, 29 anos muito bacanas, coisas boas, coisas não tão boas, coisas muito ruins, coisas maravilhosas. Conheci muita gente que me ensinou, e outras pra quem também ensinei alguma coisa. Fui a lugares diferentes, fiz coisas inusitadas, enfrentei alguns medos e aceitei outros. Sobretudo, cresci demais, e continuo ainda tão menina.Aliás, acho que é esse o meu maior desejo, intenso e inconfesso: com o passar dos anos, ser cada vez mais e mais menina. E ao final, despedir-me da vida com olhos doces de criança recém-nascida, maravilhada de tudo.
Thalita Marinho
P.S.: Feliz aniversário pra mim! :O)

quinta-feira, 24 de abril de 2008


Amanhã, dia 25, é meu aniversário! Talvez por isso mesmo eu tenha ficado tão introspectiva nos últimos dias. Acredito em inferno astral, mas acredito como um ciclo que morre para iniciar um outro. E nem sempre é fácil atravessá-lo ou mesmo compreendê-lo. Um misto de sensações, emoções e acontecimentos simplesmente tomam contam da gente, da forma mais inesperada. Nós mulheres vemos a vida assim, em ciclos: infância, adolescência, menstruação, maturidade, maternidade.
Do ciclo das sapatilhas cor-de-rosa de balé clássico da menina de 8 anos até aqui foi tudo muito intenso. Sempre fui precoce, intensa! Das sapatilhas ao salto 10 num piscar de olhos. Ciclos e mudanças contínuas!
Nos últimos anos eu acelerei a minha vida, fiz faculdade, arrumei um emprego, vários na verdade e tudo ao mesmo tempo, extensão universitária, me formei em espanhol, cursos de informática, aulas de percussão, compras, política, movimento estudantil, fiz carreira, fui promovida, demitida, reconhecida, mas às vezes eu não me reconhecia e então UFA...aos 20 e poucos anos SURTEI!
Quis o tempo pra mim, fui passear, viajar, fui pra balada, reencontrei amigos, terminei relacionamentos, voltei pra academia, voltei a estudar inglês (por pura necessidade de reciclar o meu), fiz auto-escola, ainda não tirei carteira de motorista por pura demência, mas quase comprei meu carro e passei a me esforçar para fazer o tempo render a meu favor. Nos ciclos passados tive cabelos longos, curtos, lisos...agora estou ‘in nature’ e satisfeita com meus cachos. Estou incrivelmente mais magra (23kg mais magra para ser mais exata), mais esguia, ainda mais ansiosa, mas meu físico está ótimo, minha cabeça também... É clichê falar que, mesmo com alguns obstáculos que a vida me impõe, estou na minha melhor fase? Que seja, pois estou!
Antes eu me torturava, pensando no que os novos ciclos me reservavam. Agora não! Agora, mais do que nunca, eu posso decidir, bater o pé, escolher e essa, embora às vezes confusa, é a melhor parte de todas!
Thalita Marinho
LARANJA ETERNA x BRILHO MECÂNICO

Bem, no momento "nada para fazer da estrela" de hoje resolvi escrever algo aqui antes que deletem minha conta de vez como fizeram com um outro blog que tive tempos atrás.
Tenho tido muitas coisas interessantes para escrever... Minha vida e emoções andam numa efervescência incrível, mas dado os últimos acontecimentos e como uma forma de preservar um pouco da minha vida pessoal, do que sinto, do homem que amo, resolvi não me expor tanto e escrever sobre um filme que assisti já há um tempinho e reprisei ontem.
Na verdade não é propriamente sobre o filme em si, mas sim sobre as semelhanças dele com outro. A película em questão é "BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS". A princípio o título assusta, parece o nome de uma novela mexicana daquelas com direito a:

- "Amo-te Catarina Dolores de la Sierra".
- "Eu também te idolatro Antônio Rodolfo de los Angeles".

Entretanto não é nada disso, trata-se de um filme a ser refletido. Tudo bem, talvez meio ‘intelectualóide’ pretensioso, mas com seus méritos sim. Talvez um leve toque de "Kubrick", mas ainda com seus méritos. Isso se você deixar seus preconceitos de lado e engolir um Jim Carrey dramático, tentando ser menos caricato, e esforçando-se em amenizar suas peculiares caretas inatas de plantão. Caso contrário nada feito! O segundo filme em questão é "LARANJA MECÂNICA". Sim, para mim, existe uma semelhança entre os dois. É claro que "LARANJA..." é uma obra prima criada por um gênio e é único! E o "BRILHO ETERNO..." é um bom filme, feito por um diretor ainda não tão aclamado quanto Kubrick, mas com um currículo interessantíssimo (vide "QUERO SER JOHN MALKOVICH”) e com Jim Carrey no elenco (este, ponto negativo), mas com uma deliciosa seqüência não linear que muito me atrai (este ponto super positivo).
Confesso que busquei uma analogia entre os dois no ‘nosso-mestre-oráculo-google’ e nada de resposta às minhas súplicas. O que muito estranhei, pois se trata de bons filmes, com temas e enredos bem diferenciados, mas com um ponto em comum, sutil e ao mesmo tempo forte: a ânsia desmedida pelo controle cerebral. O controle dos sentimentos, a robotização do homem, a banalização das emoções, a alienação, a mágica de se "apertar um botão" e fazer sumir aquilo que perturba alguém de alguma forma. O que logicamente só pode resultar numa "brain damage" total. O tratamento Ludovico, literalmente repugnante e agressivo, aplicado por uma sociedade opressora visto em “LARANJA...’ versus o tratamento de destruição de memória realizado por uma clínica particular especializada, igualmente repugnante e desesperador de “BRILHO ETERNO...”.
Semelhanças sutis e gritantes, porém altamente recomendados.

Thalita Marinho


segunda-feira, 21 de abril de 2008

Concha, analogias, suposições... ou um daqueles textos bem ‘pense no que está fazendo’.



Eu não sou uma concha como me disseram. Mas usando esta analogia, e supondo que eu esteja errada e você certo, eu diria: TUDO BEM! Eu sou uma concha. Uma ostra. A questão é que não é difícil extrair de mim a pérola (ou as respostas, ou os quereres, ou...), apenas você terá um pouco de trabalho para isso. Mas antes temos que saber o que são pérolas. “Uma pérola é um material orgânico duro e esférico produzido por alguns moluscos, as ostras, em reação a corpos estranhos que invadem o seu organismo, como um grão de areia”.
Não tenho nem idéia de como se dá o procedimento de extração dessas pérolas, nem da captura destas ostras (acredito que com gaiolas no fundo do mar), mas suponhamos (já que o que mais fazemos é supor coisas) que um mergulhador tenha que ir até o fundo do mar, para conseguir achar uma ostra, trazê-la a superfície, e então abri-la cuidadosamente para tirar dela o que ela tem a oferecer. O que eu espero de você (ou de alguém) é no mínimo uma disposição para mergulhar o mais fundo que puder em mim, me trazer a superfície e então com cuidado abrir-me para extrair de mim o que tenho a oferecer.
Analogicamente, podemos dizer que uma pérola só se forma, depois que uma concha é invadida. Podemos também imaginar que uma ostra, só se fecha desta forma, tornando a extração de sua preciosidade uma coisa meio complicada, porque ao se dar esta invasão, ela foi ferida, machucada. Sendo eu, como você afirmou, uma ostra, fui invadida, e machucada. Fechando-me cada vez mais, e produzindo minhas próprias pérolas, disposta a entregá-las para alguém que esteja verdadeiramente querendo-as, a ponto de correr o risco de fazer todo esse processo. De se aventurar num mergulho, de procurar a ostra certa, de abri-la cuidadosamente, e depois cuidar do que encontrou. Porque suponho eu, mais uma vez, que ostras não gostem de ser engaioladas sem que demonstrem um esforço para conquistá-las.Mas veja bem, eu não entendo nada de conchas, de ostras, de pérolas, de pesca... Apenas suponho que seja assim. Como você supõe que eu seja uma concha!
Thalita Marinho

terça-feira, 1 de abril de 2008

VÍCIOS DA ALMA (16)



MENTIR. [Do lat. mentire.] V. int. 1. Afirmar coisa que se sabe ser contrária à verdade; dizer mentira(s). [Sin., bras., SP e RS: queimar campo.] 2. Errar no que diz ou conceitua: Os provérbios em geral, não mentem. 3. Dar uma indicação contrária à realidade; induzir em erro; ser causa de, ou dar margem a engano; iludir: O espelho não mente. 4. Cessar de ser bom, legítimo, verdadeiro, degenerar: Boa raça não mente. 5. Não se realizar; não se concluir; não vingar; falhar. 6. Dizer mentira(s); iludir, enganar: Mentiu à criança, que nunca mais acreditou em suas palavras. T. i. 7. Afirmar coisa que sabe ser contrária à verdade; dizer mentira(s): "Quem iria garantir que Justiniano lhe mentiria?" (Fran Martins, Dois de Ouros, p. 190.) 8. Não corresponder; faltar, falhar. T. d. 9. Dizer ou escrever mentindo: Viu tudo, e mentiu que não tinha visto nada; “Dizem que finjo ou minto / Tudo que escrevo.” (Fernando Pessoa, Poesias de Fernando Pessoa, p. 238). [Irreg. Conjug.: v. aderir.] ... Dicionário Aurélio

Mentir...tudo bem, todo mundo mente! Eu, você, teus pais, o médico, o poeta, o Papa, o presidente...ninguém escapa. Embora isso seja inaceitável. Mas será que é mesmo? Não, não se preocupem, não vou eu aqui fazer apologia a mentira. Longe de mim uma coisa dessas! Mas que jogue a primeira pedra quem nunca mentiu.
Acho que a principal questão hoje é, até que ponto uma mentira pode ser aceitável? Se é que podemos falar assim... Sei que existem mentiras que são contadas para proteger e outras que são inventadas para machucar. E são justamente essas que me preocupam. Nunca cobrei ou pedi a ninguém, nem posso fazê-lo, verdade absoluta. Mas sempre exigi que me fossem no mínimo sinceros, honestos. Sou daquelas que preferem uma boa, sincera e direta verdade jogada na minha cara a uma mentira dita para me ‘poupar’. Por que o grande problemas das mentiras que me contam é que no final eu sempre descubro.
Não sou santa, nunca fiz questão de sê-lo, mas sou honesta com minhas palavras, com meus sentimentos. Pago um preço alto por ser sincera demais. As minhas mentiras, se assim posso dizer, nunca machucaram ninguém e nem sei se posso chamá-las de mentiras eu diria que estão mais para omissões, que é outra coisa bem diferente. Omito fatos, nomes, acontecimentos...quase sempre para a minha segurança ou de outrem. Para proteger, se assim acreditarem!
A mentira existe desde que o mundo é mundo e que nos fazemos entender por gente. Também não vou ficar aqui levantando bandeiras para que só digam verdades e que exterminem todas as mentiras da face da terra. Faz tempo que deixei de acreditar em contos de fadas! Mas vou seguir implorando que joguem as verdades em minha cara. E estou ciente que uma verdade mal dita pode machucar muito mais do que uma mentira bem dita. A verdade, por certo, irá me magoar, me fazer chorar, ficar triste, mas só por um instante. Depois certamente ela me fará reagir e agir de outra forma. Enquanto a mentira, ela me iludirá por algum tempo, mas depois que eu descobrir a verdade a mágoa pode ser eterna e o perdão impossível.
Plagiando o poeta, MENTIRAS SINCERAS ME INTERESSAM. Se é que vocês me entedem!
Thalita Marinho