terça-feira, 23 de setembro de 2008

Não, não tem sido dias tão fáceis assim. Ainda mais para um pessoa emocionalmente passional como eu e que é movida a amor, paixão... E dependendo do vento virado que eu pego, bate uma tristeza sem fim, capaz de transformar o mundo a minha volta. Sensível ao meu estado e me conhecendo, muitas vezes, mais do que eu me conheço, minha mais que amiga Carol, resolveu escrever-me uma ODE e publicar em seu blog. Com sua autorização, estou transcrevendo essa ode aqui. De fato amiga, ficou FODA, assim mesmo com letras grandes, como tu falas, o teu texto. Obrigada mais uma vez pelo amor, carinho, paciência...principalmente amizade. Te amo amiga!
Srta. Marinho

Esta é Carol, amiga de tantos e todos os momentos!

Ode a Thalita Marinho e Outras Considerções


Amada Amiga,

Muito me preocupa o fato de você estar triste e se sentindo sozinha. Sei o que se passa na sua cabeça, com todo o cuidado e muita propriedade, SINTO exatamente a mesma coisa. Ontem saí do trabalho fora do ar.

Tava feliz por algumas coisas que aconteceram, mas o medo de que tudo o que aconteceu me tirasse quem eu quero ter por perto me assombrou. Só isso. O cara foi contratado pra um cargo massa, mas isso simplesmente vai levá-lo pra longe.

E cri que não estava sendo justa comigo. Esperando por alguém que talvez não vá chegar. E sabe por que isso? Porque eu o amo. Se ele me ama, o jeito dele não se parece com o meu e lá vamos nós na terapia entender que as pessoas amam de jeitos diferentes, e porque é diferente não significa que ele não ame. E mais uns 500 reais pra chegar a essa conclusão.

Trabalhamos muito, estudamos muito, falamos mais de dois idiomas, cantamos, batucamos, cozinhamos, lavamos, passamos, temos dinheiro e somos independentes.

Aprendemos a cuidar da casa, do trabalho, da faculdade, temos um cacto plantado no jarrinho, criamos um cachorrinho, um hamster, tartarugas, um sobrinho, alguns primos... tudo ao mesmo tempo e tudo muito bem feito, afinal, temos um nome a zelar.

Mas a vida pessoal - eita caos. Outro dia André disse a mim que se estivesse perto, me estapearia. De fato, Dé... preciso de uns tapas.

Aí uma hora vc olha assim, e diz: "mas que merda é essa?"Nós temos tudo. Família, saúde, amigos, bons lugares pra ir, bons livros pra ler - ou reler, muita música, uma cidade linda, uma cabeça massa, cultura pra dar e vender, mas a gente por vezes se fez de burra ou aculturada né? Tanto assim, assusta... Mostre que você é humana criatura...

Até a Mulher Maravilha tem um jatinho invisível. Mas a gente tem um Prazeres/ Boa Viagem... Camaragibe/ Príncipe talvez...

Temos uma horda de homens nos paquerando. Sim, nós temos. Porque somos bonitas. Nosso sorriso chama a atenção. Nossos olhos dizem exatamente o que queremos. E isso chama a atenção de todo mundo. Para o bem ou para o mal. Lembra os passeios no Boa Vista, antes de ser povoado pelos GLSZYKBR?

Mas a gente só quer aquele cara. Aquele que está longe, que está preocupado demais com o trabalho, que viaja pelo mundo, que tem uma ex mulher xaroposa e uns filhos espalhados pelo planeta, ou umas ex namoradas histéricas, ou que está trabalhando demais, ou que se culpa porque não te dá atenção, ou que simplesmente some...

Esses a gente tá phD. O cara é tudo de bom. Inteligente, bonito, divertido, independente, beija bem, abraça você e você se sente protegidíssima, dança, conversa sobre tudo, gosta das mesmas músicas, não se incomoda em nos ver de camiseta de político e bermudão, com creme no rosto e bobs - sim, minha mãe adora eles! E de repente some.

Por que ele some? "Não é nada com vc, só eu que estou com uns problemas... não é nada... sou eu. Você é perfeita. Eu que não consigo fazer você feliz".

P* QUE P*, assim mesmo, em maiúsculas.

Queremos ser amadas, ter uma casa, sogra - sim ela é importante nesse processo, cachorro, samambaia, talvez filhos, churrasco em família, filme e pipoca no sofá... Queremos apresentar o cara pra mainha e perceber seu olhar de contentamento, porque dessa vez vai.

Uma festa intimista, um vestidinho pérola, uma aliança no dedo, comprar móveis, montar apartamento, comprar um carro, viajar junto, dormir junto, acordar junto. Dividir contas, ir no mercado juntos, medos, angústias, doença, gordura, e no fim sentir o coração tranqüilo. Tudo vai bem.

Simples né?

Não para nós. Aff, como a gente complica as coisas. A gente simplesmente quer o que ELE não quer. Porque se quisesse, e nosso querer fosse o mesmo, ao mesmo tempo, estaríamos muito felizes, bem acompanhadas, seguras de que está tudo certo. Casadíssimas... e aqui eu zero o contador.

E eles estariam igualmente bem, sem o medo do compromisso, sem o estresse de ter de te dar atenção, atender o telefone, te ouvir falar desesperadamente sem ter de te mandar calar.

Isso tudo, que queremos tanto, é fácil de alcançar.É só a gente desfocar. Isso mesmo, amiga. Esquece disso. Chega de querer mudar o mundo.Vamos ao cinema, ao show do Capim Cubano... viramos coqueteleiras humanas.Vamos à praia, vamos dançar, batucar, paquerar muuuuuuito.

Quando ele der pela nossa falta, aí a gente repensa, cala a boca e aceita.Porque a gente só quer que ele chegue junto, mas enquanto a gente move o mundo, ele tá esperando somente a gente parar.

Então amor, paremos. Agora. Vamos cuidar da vida, fazer o que a gente gosta, sem o pavor da obrigação.Porque se é nosso, a nós pertence. E não há concorrência. Não há competição.

E seremos muito felizes.

Amo muito você. Grata por sua presença em minha vida.Deus te abençoe e guarde na palma de Sua mão.

Carolina - http://carolinamulhervoadeira.blogspot.com/


segunda-feira, 22 de setembro de 2008



Além do início da primavera, o dia 22 de setembro marca o dia do AMANTE. É isso aí! Dia do amante. Isso me fez lembrar ‘dele’, da nossa condição, da nossa razão, do nosso sentimento... A figura do(a) amante é vista sempre de forma negativa e destrutiva. Quanta bobagem! Amante de verdade são aqueles que, segundo os mais diversos dicionários, apesar de o uso rotineiro em associar o(a) amante ao "outro(a)", ele também pode ser usado como aquele que ama e/ ou está apaixonado... Analisando por este aspecto, e outros também, eu sou amante. E daquelas bem apaixonadas!
Somos, fomos amantes...ao pé da letra. Esquecer dele, dos nossos momentos é quase impossível. Ele é o que me move, a nossa relação ‘ilegal’ e gostosa, intensa... Somos ilegais na nossa condição, mas totalmente compreendidos quando nos olhamos, em nossa cumplicidade. Cumplicidade que chega com o olhar, com o ciúme que temos que disfarçar, com as ligações que por vezes não podemos fazer ou atender, nas vezes que desejamos estar juntos e não nos foi permitido.
Sou amante porque amo demais... Porque estou apaixonada demais! E sou amante daquelas mais calorosas, porque meu sentimento é constante.
Srta. Marinho
P.S.: Em vez de imagem, a música ILEGAIS de Vanessa da Mata que explica bem a situação dos amantes.
Vejo flores em você...

Um pouco de Cecília Meireles, que também acreditava na primavera como sendo uma estação mágica, capaz de nos fazer ouvir as árvores cantarem, os pássaros assobiarem e flores brotarem do chão de concreto.

Srta. Marinho


Primavera
(Cecília Meireles)
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.
É primavera...


‘Mudaram as estações, nada mudou...’ – A primavera chegou hoje como de costume. Silenciosa, mansa, com um calorzinho gostoso de esquentar a alma. A chegada de uma nova estação deveria ser mais perceptível dentro da gente. Toda vez que a primavera chegasse, deveríamos sentir sementes de lindas flores brotando em nosso peito e borboletas fazendo festa em nosso estômago. Queria também poder repetir certas primaveras... Como a do ano passado, em que a primavera foi mágica, daquelas de desenho da Disney. Aquela sensação engraçada de que a cada passo dado, uma flor brotava no chão de concreto, em que passarinhos davam bom dia na janela, que cachorros, gatos, cavalos sorriam e as pessoas pareciam bem mais educadas e no ouvido um sussurro gostoso dizendo: ‘É primavera e eu te amo muitão’. – Volta primavera, volta!
Mas hoje a primavera se fez sentir pelo trabalhão que vai dar guardar as roupas de inverno, colocar pra fora as mais fresquinhas, o calor que começa a esquentar mais, fazendo todo mundo suar como porcos... Olhei para o chão e não vi flores brotarem. Passarinhos na janela? Não! Só as marteladas do pedreiro derrubando as paredes em mais uma reforma que minha mãe está fazendo em casa.
Tenho ainda esperanças na ‘primavera’... Esperando que uma flor brote trazendo as sensações que espero que se repitam. Não, não deixo o romantismo de lado, não deixo de acreditar em um dia ter a primavera que sempre sonhei e que por dias vivenciei.
Srta. Marinho

sábado, 20 de setembro de 2008



Há dias em que são assim, olha-se no espelho e notamos que algo não vai bem, não combina, não está no lugar certo... E então precisamos fazer algo para mudar, pelo menos em aparência! Fiz isso essa semana quando resolvi cortar as madeixas. Precisava me sentir outra, renovada, de cara nova. Como se fosse possível me livrar, apagar pelo menos um pouco, do passado eliminando uns cachos excessivos. Só que eu não contava te encontrar enquanto eu atravessava aquela rua, justo a mais movimentada, e foi você a primeira (e única) pessoa que eu enxerguei. Você paralisou do outro lado da rua enquanto eu continuei atravessando. E sem querer eu parei e esperei que me dissesse algo... Foi como poesia! Eu sabia que qualquer outro nem perceberia, mas tu notarias, mesmo passado tanto tempo, as minhas madeixas. E foste direto ao ponto

- O QUE É QUE HOUVE, MEU AMOR, VOCÊ CORTOU OS SEUS CABELOS...
- FOI A TESOURA DO DESEJO, DESEJO MESMO DE MUDAR.
Segui meu caminho... Ainda deu tempo de olhar para trás e ver teu sorriso em meio a um certo ar de perplexidade.


Srta. Marinho

TESOURA DO DESEJO
(Alceu Valença)

Você atravessando aquela rua vestida de negro
E eu te esperando em frente a um certo bar, Leblon
Você se aproximando e eu morrendo de medo
Ali, bem mesmo em frente a um certo bar, Leblon

Quando eu atravessava aquela rua, morria de medo
De ver o teu sorriso e começar um velho sonho bom
E o sonho fatalmente viraria um pesadelo
Ali, bem mesmo em frente a um certo bar, Leblon

- Vamos entrar...
- Não tenho tempo!

- O que é que houve?
- O que é que há?

- O que é que houve, meu amor, você cortou os seus
cabelos?
- Foi a tesoura do desejo, desejo mesmo de mudar

domingo, 7 de setembro de 2008

Murmúrio...


Não sei que dívida temos para com o destino que nos leva a percorrer caminhos tão estranhos!
Infinitas vezes perguntei, num murmúrio que se desfaz em silêncio… será possível, em tempo como este, viver vidas antigas, histórias sagradas que se sentem como um beijo profundo?
Serão ecos de outra era, tempos imemoriais em que deuses caminhavam na terra como gigantes? Terá sido o pó das estrelas que nos tivesse aspergido este querer, esta vontade, esta idéia de um amor que teima em não morrer?
Se pecado há, é este de crer teimosamente no sonho que nos resgata da miserável lei da vida. Contigo abandono a terra e faço-me luz!
Srta. Marinho

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Respirei fundo e escutei o velho, e orgulhoso, som do meu coração: "Eu sou, eu sou, eu sou."

Srta. Marinho