quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Tarde Vazia



Tem horas em que tudo que eu quero é conseguir me desligar do mundo. Nem sempre isso é possível, não porque eu não queira, mas porque as pessoas não deixam. Aí parece que a cabeça vai explodir, a vista embaça, o coração ameaça parar... Milhões de pessoas paradas na minha frente, falando todas ao mesmo tempo, cada uma querendo uma coisa diferente e todas parecendo falar grego, ou qualquer outro idioma que eu certamente não entendo. Ontem foi um dia assim!
O trabalho até que tava calmo só que do nada apareceu tanta gente falando na minha frente... Não sei se as pessoas perceberam, mas eu devia estar com uma cara de quem tava pedindo para ser resgatada dali. Olhava e não via rota de fuga. Não, eu não estava triste, aperreada ou qualquer coisa que o valha, tenho estado até calma. Só deu uma agonia com tanta gente falando de forma desencontrada. Êta povinho pra falar! Ontem nem o msn me pareceu atraente, mesmo vendo a ‘janela’ dele subir e descer dando sinal de entrada e eu me controlando pra não puxar assunto. Cansei de só eu correr atrás! E as pessoas continuam a falar.
Senti que eu tava ficando surda, minha mente começou a encher de pensamentos e as vozes, que eu devia estar prestando atenção no que diziam, começaram a se distanciar. E pareciam cada vez mais longe. Comecei a achar aquilo divertido e foi engraçado ver aquelas pessoas ‘fazendo mímicas’ na minha frente. Minha diversão momentânea só foi interrompida pelo ‘trim-trim’ do telefone, no começo não consegui ouvi quem falava, nem o que falava, também com tanta gente falando. PUTZ...esse povo não cansa o maxilar? Uns cinco segundos depois é que eu reconheci a voz do outro lado da linha.
Fiquei surda de novo! Só ouvia a voz no telefone, as pessoas paradas na minha frente voltaram a fazer mímicas. Depois de ver a janelinha do msn com o nome dele subir e descer tantas vezes, ouvir sua voz ao telefone era o máximo. Não consegui disfarçar a surpresa! Ainda não me acostumei com essas ligações, quase diárias e repentinas, dele no meio da tarde no trabalho. E estou adorando! Pensei sozinha, o porque dele não ter falado no msn, mas achei melhor ficar calada, não queria aborrecê-lo com perguntas bestas. Conversamos por mais de 30 minutos e foram duas ligações assim, numa única tarde. Estou ganhando moral na vida do moço, e acho que no coração também.
Quero mais é que o povo continue falando e que eu continue me perdendo nos meus pensamentos para ser desperta pelo ressoar do telefone...só pra ouvir aquela voz que não sai da minha mente. Nunca pensei que um telefonema, um monte deles na verdade, fosse me fazer valer o dia.
Thalita Marinho
"VOCÊ ME LIGOU NAQUELA TARDE VAZIA
E ME VALEU O DIA"
(Tarde Vazia - IRA!)

sexta-feira, 10 de novembro de 2006


BOMBA ATÔMICA
O mundo amanheceu em pânico a pouco mais de um mês. Para ser mais exata no dia 08 de outubro, e não é porque era segunda-feira, mas porque a Coréia do Norte resolveu testar uma bomba atômica em alguma montanha perdida do seu país. E o que eu tenho com isso? Tá...tudo bem, um teste desse mexe com o mundo todo. Vai que os kamikazes de olhinhos puxados, e dessa vez não são os japoneses, resolvem testar o novo brinquedinho no quintal ou jardim do vizinho próximo ou dos nem tão próximos assim. Ah...que se dane! Estou me dando o direito de não me preocupar com o bem estar do mundo. Não, não resolvi assumir o meu lado terrorista. Não por enquanto!
A pouco mais de seis meses os meus sentimentos mais parecem explosões atômicas dentro de mim e eu não tenho perturbado ou incomodado ninguém por conta disso. Quer dizer, quase ninguém...até porque, boa parte dos meus sentimentos são só meus e eu me reservo o direito de não falar deles o tempo todo, nem pra qualquer um. Se os moços de olhos puxadinhos ou os engravatados com síndrome de donos do mundo pudessem ver como essas explosões acontecem dentro de mim veriam que seus jogos de guerras não fazem o mínimo sentido.
As explosões são quase simultâneas, eu me perco tamanha é a confusão e não adianta eu buscar explicação; só quem pode me dar tais explicações sou eu! Em muitos momentos me veio a cabeça se eu fiz ou continuo fazendo a coisa certa. Vai saber! Não estou procurando as certezas, fico feliz (às vezes) com esse meu jeito errante de estar conduzindo minhas emoções. Estou aprendendo a lidar com as tais explosões e elas me têm sido até benéficas de uma certa forma. Elas não me deixam perder o foco, o alvo a ser conquistado.


Thalita Marinho

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Mãos...




Tropecei em um poema num blog que muito aprecio assinado por um “neo-liberalista” que gostei. Tanto, que o transcrevo, dando-me o gosto de o recordar. Não pelas características ditas atrás sobre o citador, distantes das minhas, mas porque o autor o merece, por ser uma pessoa a quem muito estimo. Assim, por razões duplicadas, confluentes na largueza do gostar amplo e sem donos, aqui vai o poema transcrito:




Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vêm nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Bruxa...




Eu sou bem mais cuidadosa ao conduzir minha vassoura...rs!

quarta-feira, 1 de novembro de 2006


COISAS DE BRUXA

Eu nasci com este dom! Nunca fiz nada para ser assim. Consigo sempre ver nas coisas e nas pessoas algo mais do que coisas e do que pessoas. É fácil para eu responder-lhes e “brincar” com as suas energias. Se isso é ser “bruxa” então sou bruxa pronto! E não, não existe bruxa feia, velha, corcunda, com verruga no nariz e que faz maldades...até porque essa é invenção de Walt Disney e da igreja na inquisição.
Dou risada disso, acho engraçada a maneira como me vêem. Olho-os e lá está a cor mágica que os define.Ninguém entende a vida que levo. Acham-me no mínimo estranha, apenas rio. Sou apenas, uma mera mortal que quer ser feliz. Mas a minha felicidade vem sempre por acréscimo da felicidade que tento “plantar” nos outros. Vê-los sorrir é o meu alimento.
Gosto de falar com as plantas e com os animais, e por mais estranho que seja, eles dão-me algumas das respostas que preciso para continuar a sorrir (às vezes mais do que as pessoas). E tenho também as minhas asas, acompanham-me sempre, em todas as horas da minha vida. E todo o mistério das coisas está nelas e no poder “voar”...
Engraçado como pouca gente ainda o descobriu. Também sorrio a isso, segundo dizem é um sorriso enigmático e misterioso. Garanto-vos que nada tenho de “Gioconda”. Volto a rir... O meu sorriso tem todo o tamanho do meu coração. E desejo-o partilhar e doar ao mundo. Talvez seja assim que desejo ser recordada um dia quando partir: como uma enorme boca a sorrir.
Depois tenho as palavras. “Reproduzo-me” através delas como essência. Tento esquecer tudo o que aprendi e partir “despida” para a concepção de todos os meus sonhos e realidades. Não escrevo para ser elogiada, mas para “esvaziar” a alma. Quando acabo de escrever um texto sinto que já o “pari” e a partir daí deixa de ser meu. Deixa de ser “eu”. No entanto encontro sempre pessoas que já leram um deles em alguma ocasião e que acabam por adota-los para si.
Não faço nada para isto acontecer. É magia. Acredito nela, rodeio-me dela e sinto-a dentro de mim. Sei que todas as minhas respostas estão no que não se explica mas no que se sente. Vivo assim e gosto muito. Não penso muito sobre as coisas, estas acontecem e pronto. Não ambiciono ser famosa ou rica ou mesmo poderosa. Quero só poder continuar a viver desta calma, desta paz interior que me faz olhar sempre em frente e continuar a ser o que sou. E aqui estou eu, para o que der e vier…

Thalita Marinho
P.S.: Em comemoração a mais um dia 31 de outubro.