domingo, 6 de dezembro de 2009

METADE DA LARANJA

Não se pode mais afirmar que todas as pessoas procuram pela metade de sua laranja. Até porque já existem muitas pessoas convencidas que a metade da laranja é um problemão. O bom mesmo é achar uma pessoa inteira, completa! Contudo, a ideia que persiste ainda hoje é do juntosomosum.

Já vivenciei diversas situações onde estava acompanhada do meu irmão ou de algum amigo e fomos tratados como casal. Não me incomoda o fato de ser tratada assim, afinal de contas, em tese, éramos um casal. Mesmo que a definição de casal no dicionário seja, em partes, retrógrada (par; composição de macho e fêmea ou marido e esposa). Longe de mim querer criar polêmica ou debater sobre ‘o macho e a fêmea’, éramos um par, composto de um homem e uma mulher com estados civis solteiros.

Mas voltando a história... Eu e meu amigo Davi fomos à rede Subway, um ótimo lugar para treinar decisões em curto prazo, talvez seja isso que nos faz gostar tanto de lá. Ambos, por vezes, indecisos tínhamos que escolher a composição do sanduíche: pão, recheio, saladas e molhos. Quem conhece o sistema da Subway sabe o roteiro que precisamos seguir: Qual é o Pão? Qual o recheio? Alface e tomate? Pepino, picles, azeitona? Sim! Não! Sim!
Decidimos que além do sanduíche levaríamos cookies de sobremesa. E aí começou a tentativa do atendente de nos transformar em um casal.

– O pagamento é junto? – perguntou o atendente.
– Não, é separado! – eu disse.
– As bebidas são juntas? – insistiu.
– Não, não... Separadas mesmo! – disse Davi diante da persistência do atendente em nos juntar.

Mas não convencidos e insistentes, os atendentes colocaram os sanduíches e as bebidas na mesma bandeja. Pode parecer bobagem, mas no mundo self-service que vivemos, eu acreditava e esperava que cada um ganhasse a sua. Nossa bandeja foi concluída com os cookies e um pouco mais de insistência.

– Os cookies posso colocar no mesmo saquinho?
– Não! Separados! – eu respondi e tive a certeza que estavam nos tratando como um casal.

Que mania estranha algumas pessoas têm de acharem que são Noé e teimam em juntar todo mundo em parzinhos? E mesmo que fôssemos um casal de namorados, precisaríamos fazer tudo junto? Comer na mesma bandeja, beber no mesmo copo, pegar os cookies no mesmo saquinho? Cadê a individualidade? A singularidade? A independência conquistada? Muitas vezes me pergunto sobre o que os casais de hoje em dia estão fazendo por ai, para que isso se reflita em tamanha simbiose? Tudo é junto, nada é separado? Alguém considera esse comportamento como prova de amor? Ou será, apenas, que eu sou a implicante e antiquada da história?

Longe de mim discordar do quanto é bom estar perto de uma pessoa que gostamos. Do quão prazeroso podem ser os encontros, as conversas, os beijos, os toques, a cumplicidade, o companheirismo, mas acredito que existam espaços e principalmente momentos para que isso aconteça. O espaço público exige comportamentos diferentes dos espaços privados, essa é a regra base para uma sociedade civilizada. Querem se abraçar, beijar, namorar em público, ótimo, mas não fiquem tão a vontade!

O amor realmente é lindo! Mas parece que a vontade de quebrar as leis da física é incrível. A simbiose dos relacionamentos está na moda, mas são as metades da laranja que impressionam os ambientes das pessoas inteiras.
Srta. 'inteira' Marinho

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