terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Eu estou falando de amor...



Já te falaram do amor? Acredite, ele não é cor-de-rosa. O amor até tem cores interessantes, mas não é essa cor de contos de fadas que cintilam aos olhos. Ele não é perfeito e constante, assim como muitas outras coisas que povoam nosso imaginário lúdico. Porque a bailarina não passa o dia vestida com saia de fru-fru, nem o palhaço passa o dia fazendo graça pra gente sorrir, nem o equilibrista passa dia se equilibrando na corda bamba...

O amor é uma teimosia indomável do coração! É um ciúme escondido de dividir com quem apenas paga o ingresso e dorme sentado. É vontade de se revelar pra a vida, puxar todas as cobertas, deixar a luz, sentir o calor que invade a alma e transpirar por todos os poros. É sair feliz e, porquê não, infeliz do exercício de ser. O bom não é o perfeito. Perfeito é o completo; o bom e o ruim; o seguro e o inseguro; o mágico e o real. A perfeição é, em toda a sua essência, amplitude. A imperfeição ajuda a empurrar o tempo. Amor é, também, sair ferido pela palavra mais inocente; quando se é equilibrista e a criança diz que prefere o palhaço. Sem contar que o amor não é constante e permanente, não devemos nos agarrar a essa ilusão, pois nem o amor próprio resiste tanto tempo sem umas reavaliações.

Você deve estar se perguntando por que eu estou insistindo nessa tecla... É que eu resolvi falar da tal Síndrome da Cinderela. Eu achava que a tal síndrome acometia só as mulheres, mas existem homens que padecem também deste mal e insistem em não constatar o óbvio: Tudo na vida é provisório e passageiro, inclusive nós mesmos. Então esqueça esse papo de procurar alguém pra vida toda, e simplesmente viva cada segundo ao lado da pessoa com quem está nesse momento como se fosse o último. Como se fosse a vida toda. Porque se um dia acabar, e oremos para que não, não haverá traumas.

Acredito que a maioria das mulheres já teve ou ainda tem a vontade de conhecer o tal príncipe encantado que nunca vai existir, porque somos humanos, e assim sendo, somos imperfeitos. O que não há nada de errado! Aliás, são essas imperfeições e diferenças que dão sabor a uma relação. Não existem parceiros perfeitos, só aqueles que inventamos de amar.

Conheço uma pessoa que morre de medo que a namorada não seja a mulher da sua vida. Então eu me pergunto, e o que tem demais se ela não for? Porque perder tempo se preocupando se vai dar certo ou não? Não é melhor, em vez de ficar se preocupando com bobagens, aproveitar, explorar, descobrir, experimentar o relacionamento? E se não der certo, vira-se a página.

Continuo achando lindo as pessoas, mesmo com toda promiscuidade que existe hoje em dia, ainda acreditarem nessa coisa mágica e única chamada amor. Acho lindo sonharem com casamentos duradouros, uma casa com quintal, jardim, filhos e toda essa coisa de envelhecerem juntos, porque é o que eu desejo pra mim também. Porém, não vai existir um homem que me complete em tudo ou eu a ele. Sempre vão existir defeitos, limitações, restrições... O importante, quando existe o amor, é saber lidar, conhecer, aprender, observar, aceitar, respeitar as diferenças do outro. E pensando bem, se ele se parecer muito comigo, vai ser um grande problema, pois nem eu sei de mim por completo. Como outro alguém vai saber?

Ultimamente tem sido uma constante as pessoas me questionarem o fato de eu estar sozinha já há algum tempo. Quer dizer, sozinha não, solteira. É sempre a mesma coisa:

- Como é possível uma mulher como você estar sozinha?

O assunto tem virado discussão em mesa de bar e reunião de amigos e familiares. Até meu irmão resolveu me apresentar seus amigos. Algumas pessoas questionam até o fato de eu estar sozinha e feliz! De fato não existe tristeza nenhuma em mim, se houve um dia, hoje não há. Certa melancolia pode até ser, mas tristeza não. Continuo com o mesmo sorriso, brilho no olhar, gosto por viver e ‘amar as pessoas como se não houvesse amanhã’. Mas eu não sei amar, ter uma pessoa em meu coração, minha mente, meus pensamentos e, por não estar com ele, ficar, estar com outras pessoas só para satisfazer a vontade alheia ou uma carência que por vezes existe sim.

Claro que em algumas situações, essa condição de estar solteira incomoda um pouco. A pior situação é nas sessões de cinema, principalmente nos finais de semana. Muitas vezes meus amigos com seus companheiros e companheiras, e eu com meu pacote de pipoca ou doces. Às vezes são casais anônimos e eu ali junto assistindo comédia romântica, com todos aqueles roteiros repletos de suspiros, beijos e abraços. Não me incomoda mesmo o fato de estar sozinha, mas me incomoda que em boa parte desses filmes, os casais são felizes para sempre e sem problemas reais. Como pode? Existem cenas de amor que a gente fica sonhando que aconteça na vida real, pelo menos nós mulheres, quase sempre desejamos, pensamos assim. Aí sim eu me sinto um pouco só! Então resolvi não ver mais comédia romântica, principalmente no cinema. Boa não é?

Entendam, e aceitem, estou solteira porque estou, sou apaixonadíssima por um homem encantador. E que eu tenho certeza que na hora que resolver dar uma chance a nós dois, faremos um efeito maravilhoso na vida um do outro e teremos nosso amor admirado e respeitado por muitos. Mas e se ele não quiser? Paciência! Vou ter que superar... Mas tudo isso leva tempo! Não gosto, nunca gostei dessa promiscuidade de sentimentos, sair ficando por aí, pulando de ‘boca em boca’. Então, diante dessa situação em que me encontro hoje, resolvi fazer um pacto com o amor. Por isso, estou sozinha porque fiz um pacto com o amor, eu não procuro por ele, nem ele me persegue. Um dia a gente se encontra. Claro que nos encontraremos!

Quem me conhece de verdade, sabe que eu nunca fui de ficar por ficar, e não vai ser agora que vou me enfiar numa balada a procura da batida perfeita, ou melhor, da pessoa perfeita pro meu coração. Festa, farra, balada às vezes é legal, mas todo final de semana, muitas vezes até a semana toda, é coisa de gente vazia e boemia demais, com o perdão da palavra e com respeito aos que fazem isso. O que Deus me reservou, com certeza, não está enfiado em um boteco ou casa noturna. Sem contar que, algumas pessoas são tão especiais que não devemos machucá-las ou iludi-las quando simplesmente queremos ficar sozinhos. E eu estou sendo bem clara com todo mundo, é uma decisão minha estar e ficar sozinha. E olha que ficar sozinha comigo mesma já dá trabalho! Permaneço solteira por opção minha e do meu coração. Pedidos de namoro, e até de casamento, recebi vários nos últimos meses...

Estou até gostando desse meu momento de ficar só comigo, de me dar esse tempo, essa chance. Estou aproveitando para me (re)conhecer, me (re)descobrir. De repente, ainda não me sinto pronta pra dar um vôo mais alto. De repente meu coração me pede para esperar mais por ele. Falta-me, quem sabe, um pouco de coragem pra resolver essa situação em que me encontro de uma vez por todas, então estou preferindo manter os meus pés no chão. Prefiro não ser, por enquanto, a namorada parceirona, porque eu simplesmente não sei não ser parceirona quando eu namoro. Prefiro, por enquanto, não me dedicar como eu quero e sei que eu vou me dedicar, porque eu simplesmente me dedico, mergulho de cabeça em tudo o que eu faço, e me dou por inteiro, dou o meu melhor. Mesmo sabendo que nem tudo tem recompensa. A minha recompensa é saber que eu fui, sou a melhor para o meu companheiro (quando tenho um) e que isso não será esquecido. Não quero ser só uma mais namorada na vida de uma pessoa... Não por enquanto!

Amar é bom! Ter um companheiro, um cúmplice, um amigo é bom, até por que não existe amor sem isso. E ficar só também é! E não é crime ou pecado minha gente, amigos do meu coração que tanto me querem bem, sou grata por todo carinho... Mas acreditem, estar só não significa, nem de longe ser ou estar triste. E é apenas isso que eu quero e preciso que vocês entendam. Até porque, o palhaço quando não está palhaço, às vezes, também se sente só e nem por isso deixa ser palhaço. Até os realistas-românticos como eu também amam (muito) e sabem que ficar só, é uma coisa provisória.

Ter alguém, um companheiro, não deve ser necessidade, prioridade única na vida de ninguém. Amar não é apoiar-se no outro, amar é trilhar, construir juntos um caminho. Amor é perceber e aceitar que a bailarina também cansa, que o palhaço nem sempre vai te fazer sorrir e que o equilibrista, às vezes, se desequilibra e cai.

Amor é mais que romance. Amor requer paciência, companheirismo e muita paixão por aquele que não se tem e nem nunca vai se possuir. Amar é ser equilibrista, bailarina e um grande palhaço, entenda as entrelinhas como quiser, afinal de contas, o amor não foi feito pra se explicar ou compreender, apenas para sentir e amar.
Srta. Marinho

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