sábado, 7 de março de 2009

Data Magna, revigorar, fim de tarde na praia (ou Lembrando a Velha e Feliz Infância)


Neste último dia 06 foi feriado aqui em Pernambuco. Comemorou-se a Data Magna, A data refere-se a Revolução Pernambucana de 1817 quando, na ocasião, os pernambucanos fizeram um levante contra a coroa portuguesa e tornaram o Estado independente. Pois então... feito a síntese histórica, vamos à revolução que, em dias atuais, considero mais importante, A REVOLUÇÃO QUE HÁ EM MIM. A revolução que por vezes me deixa impaciente, meio perdida em meio a um turbilhão de sentimentos e emoções.
Pois bem... nesta sexta-feira eu acordei meio melancólica, triste, chorosa, deprê mesmo. Resolvi então fazer algo para mudar meu estado de ânimo. Sabe-se lá porque, resolvi relembrar uma situação que foi típica da minha infância, foi então que tentei ir de volta a uma época, ou buscar semelhanças com essa época, que me faziam sentir feliz e segura. Para relembrar isso, seria impossível fazer sem lembrar meu avô Chico. Nos braços dele minha segurança era plena e absoluta.
Lembrei-me que durante a minha infância e de minhas irmãs, minha mãe nos deixava para passar as tardes depois da escola na casa dos meus avós maternos, vô Chico e vó Ló. Meu avô foi um sujeito incrível, falar dele é preciso um texto completo, vou providenciar e em breve publico. Mas meus avós moravam, na época, no famoso bairro de Boa Viagem, onde fica a praia de mesmo nome, a uma quadra da praia. Nas tardes de verão que se seguiam, meu avô nos colocava em seus grandes e largos braços e nos levava à praia. Era sempre uma delícia a praia no meio da semana, quase deserta e no fim de tarde. Ficávamos sempre em frente a casa do ‘brigadeiro’, casa essa que meu avô nos fez acreditar durante toda infância que era onde eram feitos todos os brigadeiros... Adorei acreditar nisso, melhor que acreditar em papai noel. Só na adolescência é que descobri que a casa fora de um brigadeiro da aeronáutica. Bom ser criança!
Nessas tardes, meu avô corria com a gente, brincávamos nas piscinas naturais formadas pelos arrecifes, e nessa época nem havia sombra de ataque de tubarões, estamos entre os anos de 83 a 86, 87... Depois que nos cansávamos, construíamos castelos de areia, bebíamos refrigerantes na ‘barraca’ de seu Rafael e meu avô lia um de seus livros de Jorge Amado. Na saída tinha uma pequena pausa para o sorvete. Lembro que meu pedido era sempre chocolate com maracujá...
Lembrar disso hoje me fez um bem tremendo. Quando decidi ir à praia já passava das 14h, mas eu sabia que encontraria a maré baixa e cheia de piscinas naturais. Fui com meu bloco de anotações do lado. Sentei em uma das cadeiras, bebi umas duas ou três cocas, ouvi um pouco de música e comecei a escrever esse texto. Quando tive certeza que a maré já baixara totalmente fui mergulhar. A água estava uma delícia, morna, o mar calmo, poucas pessoas caminhando pela areia, algumas famílias com crianças aproveitando o fim de tarde, alguns garotos jogando futebol, muita gente no calçadão... Uma delícia! Fique na água por seca de 3h horas, por mim só teria saído quando a maré voltasse a subir. O fato é que isso, todas essas lembranças, essa tarde que me propus, me fez ficar feliz. Me fez sentir bem! Fez com que eu me livrasse de alguns pensamentos, que eu percebesse que eu estou dando importância demais a pessoas que, se muito merecem, só deveria desperdiçar por educação um ‘bom dia’. Mas foi bom, bom para que eu possa perceber o quão incrível eu posso ser, por que o meu passado me diz isso. Tive uma das infâncias mais feliz que alguém poderia desejar e ter tido essa infância me faz ser a pessoa intensa que sou hoje. Me fez perceber que eu não mereço nada menor que a felicidade e o amor.
Srta. Marinho

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