terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Ah...o príncipe!


Hoje passei o dia a ver romances no DVD... Então resolvi falar de amor perfeito. Desses de filme, novela. Daqueles que, se um dia aconteceram para alguém, são cada vez mais raros. E sabe por quê? Porque amor perfeito não existe. Pelo menos não entre seres humanos. Pelo menos na minha concepção.

Crescemos com a sociedade criando e impondo rótulos em tudo e a gente vai se acostumando e aceitando como verdade única e absoluta. Fazem-nos acreditar que o amor da gente sempre aparece ‘vestido’ de príncipe, montado em um belíssimo cavalo branco, pronto para nos arrastar ao castelo mais próximo e nos tornar a princesa mais feliz do mundo. Sem esquecer o famoso "... e foram felizes pra sempre" no final da estória. Dizem que ele, o príncipe, faz sempre tudo que a gente quer, que nunca se opõe a nada, que concorda com a gente em absolutamente tudo. Que, além de não fazer xixi na tampa do vaso, abaixa a tampa deste depois de usar, nem sai com seus outros amigos "príncipes" no final de semana em vez de te levar para dançar ou ao cinema. Que ele libera o cartão de crédito, sem limite, e que todo dia chega em casa com rosas e chocolates. Dizem por aí que o amor só é perfeito se as pessoas envolvidas não brigam, não discutem, vivem em uma paz tão perpétua, que faria inveja a Adão e Eva no Jardim do Éden antes da expulsão do paraíso. Dizem que quem ama aceita tudo calado e que amor de verdade não acaba... Eu já cheguei a pensar assim também, mas às vezes eu acho que isso está mais pra amor utópico do que pra amor perfeito.

Sabe por que eu acho que amores perfeitos simplesmente não existem? Porque somos humanos demais. Somos muito limitados. Cheios de defeitos. Chatos até a alma. E não há nenhum resquício de perfeição nisso. O único amor perfeito que existe no mundo é o amor de Deus para conosco. Ele sim, ama sem escolher, sem distinguir, sem condenar. A gente ama sim, a partir do momento em que, indo de encontro ao outro se coloca como alguém que busca ser melhor e tenta fazer o outro ser melhor. É esse amor humano, imperfeito, limitado, que nos conduz à perfeição.

Outro dia estava lendo uma entrevista com Pe. Fábio de Melo, e concordo e entendo quando ele diz que amar é descobrir que o outro até tem muitos defeitos, que ele é diferente de mim em alguns pontos, mas que pode existir uma intercessão, e é esse o ponto afim que deve conduzir a relação. Amar é compreender, é apanhar a caneta quando cai no chão, é preparar a comida que ele adora, é fazer-se companheira, sobretudo quando tudo desmorona, e o mais interessante, é perceber que as cores da sua vida desbotam um pouco na ausência dele. E ele, o padre, concluiu dizendo que amar é perceber que eu não seria nem metade do que eu sou se não fosse ele...

Amor tem que ser regado, ele por si só não existe, não sobrevive. Lembro que recebi outro dia um e-mail muito interessante que dizia que amor entre homem e mulher tem que ser cuidado e regado a partir de atos sublimes de conquista diária e sedução porque, ao contrário do amor entre pessoas de uma mesma família, entre estes não existem laços consangüíneos capazes de sustentar o sentimento por si só. Amor é entrega diária, é calar por vezes, mas também chamar atenção quando necessário. É dividir as despesas, velar o sono, fazer cafuné e massagem, mesmo morrendo de cansaço. É ligar pra saber como está o dia do outro, mas é também ter e dar o direito de cada um estabelecer sua própria individualidade. Amar é ser cúmplice, amiga, amante, confidente e íntima. Amar é brigar, mas, fazer as pazes. Amor tem mais haver com intenção e sentimento do que com diferença.

Príncipes e castelos só existem em países monárquicos e nos livros de contos de fadas; cavalos brancos, em haras e fazendas. O final feliz? Bem, esse a gente escreve todo dia quando desejamos ‘boa noite’, reunindo bons momentos, aproveitando o tempo que não volta mais, valorizando os pequenos gestos, utilizando as crises pra crescer. Para no final descobrirmos que não existe pessoa ideal e sim, a pessoa certa. Às vezes o abismo que separa o nosso castelo dessa pessoa certa é a gente quem constrói. Às vezes a pessoa certa anda do lado da gente, mas a gente acha que é um sapo. Só precisamos de um olhar mais atento. Quem sabe? Não custa tentar!
Srta. Marinho
Só para refletir:
"Não se preocupe com a perfeição. Substitua a palavra "perfeição" por "totalidade". Não pense que você tem de ser perfeito, pense que tem de ser total. A totalidade dá a você uma dimensão diferente."
(Osho)

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