terça-feira, 18 de novembro de 2008

Um café pra depois...
Você sabe de todo o meu desdém, não venha com essa de se viciar. Não espero mais minha alma dedilhar-me ao avesso, nem que você me entenda meu bem. Mas leia estas palavras insensatas de uma insensatez falante:

Eu poderia ser tua nos dias de chuva. Secar algumas lágrimas e tentar te arrancar um sorriso sincero. Nada de escape. Não sirvo pra isso. Seria apenas nós e umas garrafas de vinho e nossas gargalhadas indevidas rodopiando em um asfalto vadio e espelhado da chuva. Nós, imersos na grossa camada de nuvem amarga. Ela nos encararia com certo ar de nostalgia... talvez inveja. Tanto faz, nós nem a perceberíamos. Estaríamos bêbados. Bêbados e completamente mergulhados na nossa intima loucura normal. Sentiríamos o sabor do pecado em qualquer beco escuro ou claro. Depois rodopiaríamos mais um pouco, cantaríamos umas ladainhas e os nossos olhos iluminariam o breu feminino de uma rua má educada. Você me levaria pra sua lata, me emprestaria seus ombros, camiseta e uns cd’s, como sempre faz. Eu prometeria a devolução olhando em seus olhos, você concordaria fingindo acreditar. Você fica lindo quando me olha nos olhos... Você me preencheria de si e confessaria todas as mentiras leais de um bom vira-lata enquanto me aperta contra seu corpo me deixando inebriada com as batidas do seu coração. Eu ouviria tudo muito atenta, você nem perceberia, mas diria que me ama, uma ou duas vezes durante as confissões. Veríamos tudo amanhecendo; o vento frio esquentando, o sol renascendo persistente, o jornaleiro infeliz, a solidão comunal e a saudade liberta. Sem chuvas, sem lágrimas, sem cobranças. Só nossos corpos entrelaçados e o céu deslumbrando verdades lá fora.

– Café?
– Café sim.

Café agora e um beijo depois. Eu passaria minha língua nos seus dentes, lábios, queixo e sumiria mais uma vez. Você iria se perguntar que sonho bom foi esse... meio confuso, meio estranho, meio insatisfeito porém sorridente. Eu só afirmo que foi um pesadelo bom cariño. Só isso. Mas a porcaria com a qual me alimentou é sempre a última jogada conosco. E eu aposto as fichas ou meu coração cretino que você joga mais sujo do que eu. Sou a idiota chorando na sala enquanto você me pede pra ficar. Eu não fico. Eu passo. Os anjos me disseram que preciso ser honesta com meu coração... mas quem precisa de anjos?
Srta. Marinho

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