sexta-feira, 6 de julho de 2007

Razão– Queres falar?
Coração– Sim… acho que preciso!
Razão– Dele?
Coração– Dele e de tudo o que tem acontecido.
Razão– Parece-me que ambos caímos na realidade, não concordas?
Coração– Sim! Tenho percebido isso. Acho que também não tenho agido corretamente.
Razão– Desta vez deixaste de me ouvir. Tu que tens sido tão racional, deixaste trair pela emoção… Logo da pior forma!
Coração– Eu sei e sinto-me mal por isso. Agi com o pior dos sentimentos, que se encontra no extremo, no lado negativo do coração… a leviandade extrema! Fui leviana até comigo.
Razão– Pois foi, mas é importante que reconheças esse erro.
Coração– Sim…
Razão– Que pensas fazer agora?
Coração– Nada… absolutamente nada!
Razão– Estou de acordo, acho que fazer alguma coisa agora, poderia prejudicar a situação.
Coração– Vou agindo dia após dia conforme a minha intuição diz pra fazer.
Razão– Acho que assim é o melhor que fazes.
Coração– Tantas vezes senti que devia avançar, mas tu…
Razão– ...mas eu fazia-te recuar. Eu sei, mas já sofremos tanto.
Coração– Sim, mas eu quero ser feliz, perto de alguém que gosto. E eu gostava dele.
Razão– Já não gostas?
Coração– Gosto! Mas…
Razão– Mas..!? Tenha calma!
Coração– Não sei… depois do que aconteceu, caímos na realidade dos fatos.
Razão– Duvidas do que sentes?
Coração – Sim… isso mesmo! Mas sei que o quero sempre por perto.
Razão– Perto como? Já pensaste em como te sentirás se ele não ligar, procurar...?
Coração – Sim, já pensei. E como pensei! Não tenho feito outra coisa... Sinto a falta dele e só me dá vontade de desistir.
Razão- E desistir será a solução? Já pensaste que podes estar errada?
Coração- Talvez, não sei o que te responder. Mas será que valerá a pena lutar (MAIS) por algo que talvez não passe de uma ilusão minha?
Razão- Mesmo que ele não queira mais nada, podes sempre tentar (re)conquistá-lo, afinal não perdes nada. E se ele não deixar, aí sim desistes e esquece.
Coração- Não sei...
Razão- Já pensaste no relacionamento, que podes vir a ter com outras pessoas?
Coração– Pensar como?
Razão– Se a relação que tens com outras pessoas, com quem partilhas o teu dia-a-dia, fosse como o relacionamento que tens com ele?!
Coração– Hum… Onde queres chegar?
Razão– Estando ele a quase 3000 km daqui e nunca o viste, e mesmo assim a amizade, o respeito, o carinho, a admiração, a cumplicidade ficassem ainda mais forte…
Coração– Sim… talvez nisso tenhas razão. É um homem ímpar, singular... se é que me entendes!? E cada vez que falo com ele, dá-me vontade de abraçá-lo, de beijá-lo de... de... de...
Razão– E por que tudo isso?
Coração– Talvez devido à intensidade dos acontecimentos, pelo respeito de parte a parte, pela entrega e pela partilha de sentimentos, por estar longe de mim, mas tão perto ao mesmo tempo.
Razão– E se retirasses daí, “... pela entrega e partilha de sentimentos...”?
Coração– Quem sabe...
Razão– Agora pega esses sentimentos e transfira-os pra cada pessoa que gostas e partilhas teu dia-a-dia.
Coração– Estou entendendo...
Razão– Estás? Então me diz o que quero ouvir.
Coração– Eu seria feliz... embora não consiga fazer isso funcionar em mim.
Razão– Pois é! E por que não?
Coração– Porque estou focando os meus sentimentos em uma só pessoa. Mas...
Razão– Mas o quê?
Coração– Talvez seja tarde de mais!
Razão– Isso é ruim! Há tempos pensaste da mesma forma. Por acaso lembraste de tudo que te disseram em velhos tempos?
Coração– Sim, lembro, às vezes... Era tudo tão maravilhoso! Algo que eu mesma não consigo, com palavras, definir, mas as lágrimas que rolam em minha face agora talvez expliquem!
Razão– Sim?
Coração– Sim o quê?
Razão– Força! Repita o que ele, mesmo sem palavras, um dia te disse. E não esqueça, se queres, consegues ser mais sábio que eu...
Coração– ...

Thalita Marinho
P.S.: Minha razão e meu coração agora andam a conversar...

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