domingo, 20 de junho de 2010

Chorar faz bem...


Essa semana, pegando carona com uma pessoa, ouvi uma história muito engraçada. A Fulana* contou que foi no velório do vizinho de um amigo... “Pôxa!” – pensei por um segundo, achando que ela e o falecido eram íntimos. Cheguei a me sentir mal e dei os pêsames quase que sussurrando. Foi então que ela me solta: "Que nada! Fui porque precisava chorar". “Uau!” – pensei eu atônita – “quando eu precisar chorar, vou aposentar meu travesseiro borrado de maquiagem pra ninguém ouvir e vou procurar o velório mais próximo para chorar desapercebida.” Mas voltando à história da fulana*, a situação é que ela chorou como os que choram da família, chorou de dar vexame. Mas a verdade é que ela chorou não pelo falecido, mas chorou porque algo havia morrido dentro dela, e precisava chorar. O velório, pra ela, foi apenas uma desculpa (ou a solução) pra colocar pra fora o que a comprimia...
Mas a história toda me fez parar e pensar. Às vezes eu choro vendo um filme, uma cena forte no noticiário, ouvindo uma música ou uma história triste. E ontem, bem ontem eu chorei porque acordei assustada com um sonho ruim e senti falta de um abraço. Na verdade senti falta de um abraço que eu nem conheço, ainda! E eu chorei com medo de desabar caso alguém me ouvisse e perguntasse – “O que foi?” – e eu não tivesse o que responder ou se eu respondesse fosse vista como uma boba que chora por conta de pesadelo. A verdade é que, quase sempre, nos aproveitamos de algumas situações pra esvaziar nosso ‘saco’ de emoções guardadas, trancafiadas, comprimidas. E não se engane, até os mais otimistas e espiritualizados têm o seu ‘saco de emoções’ que precisa, uma vez ou outra, ser esvaziado através do choro.
Muitas vezes eu parei e sentei numa praça, na praia ou mesmo no aconchego do meu quarto pra chorar como criança que acaba de perder o brinquedo tão estimado. O engraçado é que na maioria das vezes eu nem tinha um motivo concreto, exato para chorar. Tenho consciência que o motivo que sempre me fez chorar é esse ‘congestionamento de emoções’ que carrego dentro de mim. Eu guardo tudo dentro do peito e não percebo que isso me afeta, e muito. Outras vezes o choro é só TPM. Mas quando se chora porque não consegue arrumar o cabelo, porque aquela esperada ligação não aconteceu, porque foi preterido numa entrevista de emprego, porque o cachorro rasgou mais um saco de lixo, porque não encontramos uma blusa que combine com a calça e etc... é porque, por dentro, estamos em trapos. Queremos que uma mudança aconteça. Então, choramos o nosso lixo emocional!
Sinceramente, não quero ser dramática, não mesmo. Mas a questão é que chorar faz bem. Chorar lava a alma. E quem me conhece sabe, eu sorrio bem mais que choro. Sou boba demais para dar risada e razões não me faltam pra ser uma pessoa alegre, feliz. Mas chorar alivia e nem sempre o choro é de tristeza, e no caso de pessoas como eu, quando choramos é uma enchente. Não sei chorar pelos cantos. Eu choro tudo de uma vez só. Choro quando me emociono, quando ganho um abraço inesperado minha mãe, quando me fazem uma surpresa, quando recebo uma boa notícia. Choro um mar de lágrimas açucaradas. Chorar faz bem sim, sempre faz! Claro que rir faz mais, mas chorar nos deixa livres.
Srta. ‘chorona mas muito sorridente’ Marinho

Nenhum comentário: