domingo, 10 de dezembro de 2006

FOLHA DE CALENDÁRIO



Imagine por um momento que és uma folha de calendário.
Se fores um simples número tens uma vida que dura apenas esse dia. Que farias durante um dia inteiro, sabendo que amanhã já não é teu dia? As folhas de calendário que consultei, me disseram que sem dúvida, viver seria o que fariam.

-“Sim, viver, claro! Mas em um só dia?” – lhes perguntei.
-“Sim, minha vida se compõe de um dia, bem organizado, pode ser uma vida inteira, ao estilo da tua.” – me respondeu o 12 de junho.
-“Mas, - perguntei, se não gostares de como o dia sairá, já não terás a possibilidade de repeti-lo ou de melhorá-lo, porque amanhã já não será hoje, e ontem, já não será tão pouco hoje.”
-“Certo é, - respondeu o 2 de maio, mas um de nós pode ser uma data especial para alguém, com quem, viveremos na lembrança. Outro poderá ser um dia marcado para muitas pessoas, etc. E, teremos a grande vantagem, que, se é certo, que viveremos um único dia, porém... no ano seguinte voltaremos a existir.
Essa conversa com as distintas folhas do calendário que tinha sobre minha mesa foi tão curiosa, que fui ao meu quarto, para meditar sobre o que acabara de escutar. Ali, na estante, olhava outro calendário. Este era mensal, com uma linda foto da rua da Aurora no centro do Recife.
E, já que havia conseguido falar com um, perguntei a este calendário também:
-“Se és uma folha com muitos números, tens um mês inteiro para desfrutar do tempo que te foi concedido, não é assim?”
-“Tenho a sorte de poder viver com mais intensidade, que meus companheiros de dia, mas em essência somos iguais. Podes lembrar-te de um dia, ou de um mês, se estes marcaram tua vida com algo especial”.
-“Francamente curioso", - lhe respondi.

E imaginei que era uma folha de calendário, preferi ser de um dia que de um mês, queria desfrutar do tempo que me concedia essa folha de papel.
E fui um 25 de abril, um 12 de julho, 30 de setembro e um 15 de dezembro. Pude descobrir a beleza do outono, esfriei no inverno, vi a alegria da primavera e me aqueci no verão.
E me deu pena! Me deu pena de ser um só dia, e ao final dele passar a ser uma bola de papel, amassada e suja, esquecida na lixeira.
Mas também me deu alegria, pois pude ser a data para um aniversário, escreveram em uma de minhas folhas vários versos, e em outra, um telefone. Fui uma folha de calendário utilizada, para lembrar, e ainda que tenha terminado mais tarde em uma lixeira, cumpri meu papel.

Thalita Marinho

P.S.: Não, não estou ficando louca ou fazendo uso de drogas se é o que tá passando pela cabeça de vocês ao ler o texto acima. Apenas estou tentando, atravéz dele, dizer que devemos aproveitar melhor os nossos dias. Devemos tentar fazê-los especial, ou simplesmente tirar proveito das lições que nos são dadas pela vida. E decidi fazer o que faria a folha de calendário: EU VOU VIVER.


Nenhum comentário: