terça-feira, 17 de junho de 2008

Carta 1


Sabe... penso em ti todos os dias. Na roda viva deste destino que não escolhi. Nem escolhemos! E, sabe, sento-me todos os dias quando chego em casa nesta cadeira e choro um bocadinho. Por nós dois! Perco-me no silêncio que sobra quando percebo que vivo sozinha (sozinha sim, mesmo sempre cercada de pessoas com as quais convivo diariamente) e longe de ti. Mais que isso, choro ao lembrar-me que a tua vida me passa ao lado todos os dias e que no meu lugar outras tantas partilham tudo o que em ti me faz falta hoje.Outra noite alguém me perguntou de ti. Sem querer, sem sequer esperar, chorei um bocadinho. E, sabe, por mais força, por mais máscaras, por mais persistência que juntemos ao rosto com que enfrentamos o dia... eu sei que no fim, eu vou chegar em casa e sentar-me nesta mesma cadeira e, novamente, tu não vais estar nem um pouco perto. Tu não vais ligar, não vais responder as mensagens que te deixei no computador ou no celular, para quando enfim chegares em casa, e que depois de tudo isso, eu vou chorar, porque te sinto fugir. Porque tu estás longe e eu longe estou, porque outras pessoas entram na tua vida e na minha também e o inevitável custa demasiado.
E nessa noite, por um bocadinho de lágrimas eu disse talvez tudo. Porque a vida hoje não me chega e dá-me medo. Medo que um dia volte e tu já não esperes por mim. Hoje me agarro aos últimos feixes de luz que entram insistentes pela janela e escrevo-te sobre estas ultimas lágrimas que me secaram na pele. Amo-te como nunca achei possível. Como nunca me achei capaz. Mas a verdade é que te amo e esse será sempre um motor para perceber que no mundo o que se perde e se ganha é demasiado para admitir a individualidade como uma condição. Vivo de ti e da certeza que compensarás sempre tudo. Tudo, tudo... Da certeza de que sobre as lágrimas secas, outras tantas hei de chorar por ti.
Thalita Marinho

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