segunda-feira, 16 de outubro de 2006

SOBRE ROMANCES...

Eis o que tenho aprendido sobre romances...


Um romance não precisa ser vistoso, cheiroso e efêmero como um buquê de flores. Nem precisa ser aventureiro, empolgante e rotativo, como um roteiro de viagens semanais. Não precisa ser doce como uma caixa de bombons, nem fofo como um bicho de pelúcia. Não precisa ter atestado de valor e durabilidade, como um colar de ouro. E nem precisa ser invejável e brilhante, como um vestido de noite. Não precisa ser tecnológico, nem inovador, nem mutante, nem forte, nem invejável. Aliás, um romance nem precisa parecer com um romance...se assim for melhor.
Um romance não precisa de atestado de garantia, não precisa de cegueiras, não precisa de misticismos e nem de virtudes especiais. Romance bom tem consciência, pé no chão e escolhas.
Para ter um romance, não é necessário ter dinheiro, beleza ou inteligência acima da média. Não é preciso ter discussões intelectuais, nem racionalizações de nenhum tipo. Não é preciso ter afinidade total, nem arrebatamento total, nem paixão total, nem cumplicidade total. O romance nunca é feito de totalidade, Porque é feito de duas partes que vão se unindo, combinando e descombinando...aos poucos.
As matérias-primas do romance não são sonhos mirabolantes, não são idéias cozinhadas em banho-maria no caldo da ilusão, não são pré-conceitos travestidos em imagens estranhas e impossíveis.
O romance está no meio dos problemas, nos pequenos gestos, nos olhares inesperados, nas palavras e nos silêncios, nas bobagens, no cotidiano, no arroz com feijão de todo dia, no telefonema corriqueiro, no sofá de casa, na certeza do colo no final da tarde, nos ganhos inesperados e nas frustrações, nas concessões e nas obviedades, nas dificuldades e na convivência, no trivial e no especial.
Um romance é feito somente, e tão somente de duas pessoas. Duas pessoas com passado, mas sem amarras. Duas pessoas com paixão, mas sem escravizações. Duas pessoas que se gostam, mas se respeitam. Duas pessoas que se desejam, mas não se esgotam.
O romance está no coração que bate forte...e tranqüilo.
O romance bom, mas bom de verdade mesmo, não rouba a sua vida. Mas a pega emprestada e devolve, todos os dias, transformada...e melhor.

Thalita Marinho

P.S.: Esse texto, fiz para satisfazer um pouco meu coração que de tão intenso não vive sem romance.


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