segunda-feira, 23 de outubro de 2006


Preconceitos? Não, muito obrigada!


Esta minha geração tem de tudo. Já escrevi aqui algumas coisas negativas e algumas coisas positivas...Mas hoje, porque o tempo corre e amanhã tenho que retornar aos hábitos madrugadeiros, são poucas as questões que aqui deixo. Algo que pouco entendo é essa coisa do respeito da diferença. Todos temos a postura teórica de um politicamente correto que nos foi inserido e mostrado como uma aceitação de diferença. "Temos que aceitar os outros", dizemos. Mas quem nunca se pegou comentando sobre aquela moça que sai sem dar satisfações e sempre bem resolvida? Quem não gosta de ouvir uma piada sobre "negros", "gays" e tudo o que "é teoricamente diferente" do que é "aceite como normal"? Falar mal tem esta coisa de nos sentirmos cheios de graça, e de uma certa forma deixar parecer que os outros seres são inferiores a nós. Não interessa quem seja, desde que quem fale pareça ser superior (uma ova).
Tem certa graça, gozar, principalmente quando são alvos fáceis, de difícil aceitação social. Meus caros, pois me deixem contar-lhes um segredo...O NORMAL NÃO EXISTE. Podem perguntar a cientistas, a técnicos especializados ou registrar as minhas conversas com todas as pessoas que conheço. Ninguém está livre por ter cometido em toda a sua vida atos puramente aceitáveis pela sociedade e por si próprios. Algures, um dia, na infância, na adolescência ou já na vida adulta, todos enfrentamos isso de nos aceitarmos como indivíduos independentes e únicos. Porque não nos relacionamos, conscientemente, com ladrões ou com traficantes de droga? Porque despejamos gozações diversas nas loiras, nas pessoas de raça diferente e ainda por cima em pessoas que são mais felizes e naturais e por razões que só lhes dizem respeito vivem, namoram ou têm relações com pessoas do mesmo sexo? Serão as anedotas uma escapatória para demonstrar o nosso lado mesquinho e preconceituoso? Numa sociedade onde a originalidade e criatividade deveriam ser motivadas, como se consegue espaço na vida humana para falar mal de quem quer que seja ou do que for?
Para quem nunca sentiu na pele as conseqüências da má formação e do preconceito injusto não poderá explicar o sentimento de exclusão que se sente, de não identificação com tudo o que é humano e vivo. Porquê criar mais ninhos de exclusão? e porquê confundir a diferença racial, física ou sexual com a competência, credibilidade e bom aproveitamento que um indivíduo tem? Falo disto porque tive durante estes últimos tempos discussões com pessoas da minha idade e da minha geração (e não só da minha geração, claro) que não aceitam ver em cargos sociais pessoas que parecem ter tendências homossexuais. Para mim isto é simplesmente ridículo. Cargos sociais implicam fazer algo para a sociedade, e é isso que devemos realmente nos preocupar, no mal, no bem, no tirar e no dar...ou não? Interessa assim tanto com quem uma pessoa se deita? Será melhor ou pior pessoa por isso? Fará pior ou melhor?
Deixo aqui estas questões, cá tenho as minhas respostas, cada um que tenhas as suas, porque eu respeito isso. Somos seres diferentes, tão complexos como questionáveis, prontos a sermos folheados e a encontrar estas e tantas outras respostas por aqui. Quanto a mim, garanto-vos, que nunca encontrei alguém igual. No bom (que ainda acredito que tenha uma parte) e no mau. Mas as minhas diferenças, que sinto em relação a todas as pessoas que conheço que são a tantos e de variados níveis, fazem-me sorrir e dizer...SOU DIFERENTE SIM...muito obrigada.



Thalita Marinho

Nenhum comentário: