terça-feira, 26 de junho de 2007

Xama u Aurelhu!


E lá estava eu mais uma noite sem ter o que fazer, sapeando o controle da televisão. Logo eu que não sou disso, de TV, me vi forçada pelo tédio a procurar dentro daquela caixinha mentirosa e cretina alguma coisa pra matar o tempo. Eis que tomo um susto, quase engasgo com meu próprio cuspe. Era um filme, em um canal de tv por assinatura. Eu já havia assistido àquele filme, um desses de terror adolescente, mas algo estava diferente, algo que me fez confirmar e reafirmar pra mim mesma o porquê de cada vez mais eu odiar televisão:

- Vc tem certeza q eh por aih?

Foi assim que quase perco o fôlego. Não era apenas o filme que era adolescente, mas as legendas, todas as legendas eram pura adolescência e “nerdice”, se me permitem o neologismo. Estavam repletas de VC, PQ, NAUM e tudo mais que o vocabulário internauta chulo permite. Confesso que demorei muito mais que o tempo habitual para entender o que estava escrito na tela, era quase um hieróglifo virtual de tão inteligível. Devo admitir que os internautas estão mesmo de parabéns, porque para decifrar esse dialeto tem que ser muito esperto mesmo.
Mas será que levar a linguagem virtual pra TV também é coisa de gente esperta? Ah tá, esqueci! Essa história de que estamos estimulando a burrice e o semi-analfabetismo nos adolescente está ultrapassada. Não é isso o que dizem? Teoria furada, isso é apenas uma forma mais prática de se comunicar no mundo virtual, mas isso naum influencia em nossas vidas. Ops! Quero dizer, NÃO. Desculpem, força do hábito. Deve ser por isso que meu primo recebeu seu trabalho da faculdade todo marcado de vermelho em cada palavra em que ele trocara o CH pelo X, “axo”, “xeque” e até o estrangeiro e já tão comum para nós “xopin”, tudo por causa da teoria furada. Não é crime usar um PQ, um VC, pra facilitar a comunicação de vez em quando por e-mail ou em uma conversa no MSN, chat... Mas desaprender? Transformar nosso vocabulário em um Chat? Mas tudo bem, se nosso país já está tão bom de português mesmo, a gente pode continuar incentivando nossos jovens a escrever errado. Eles que são os maiores usuários de internet do mundo, e que passam o dia inteiro plugados, viajando pelos dialetos, neologismos, contrações e bizarrices de vida virtual.
Tem razão, para a TV, é mais fácil se comunicar com os jovens e atingi-los falando a linguagem deles. Mas é que pensei que a linguagem deles fosse o português, o bom e velho português. Mas tudo bem, se eles já lêem pouco ou quase nada mesmo, é melhor fazer isso na TV, ao invés de ajudar a dar-lhes um pouquinho de cultura, coisa que a internet infelizmente não está conseguindo.
Talvez a família nem precise se atentar para isso, ou as escolas, ou ninguém! Quem é que liga pra isso, não é? É tão bonitinho falar ‘axim’ que a gente ‘si iskeci’! E nem é mais novidade que esses meninos nunca tenham nem ouvido falar de Antônio Houaiss ou do mais conhecido, Aurélio Buarque de Holanda, todo mundo está careca de saber que ler e estudar é muito chato, além do mais deixar o mundo virtual invadir não só nossas vidas como nosso vocabulário é rulez!
Talvez eu esteja exagerando no uso da hipérbole, mesmo assim ainda acho que estou sendo eufêmica, mas tanto faz, figura por figura de linguagem, esses jovens só conhecem o barbarismo. Aliás, deixa pra lá, eles não estão entendendo bulhufas... auhauhauh!
Thalita Marinho

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